O Corpo de Bombeiros Militar do Paraná (CBMPR) acaba de capacitar uma nova turma de 23 profissionais de elite em Salvamento em Altura, elevando o padrão de resposta a estas emergências. Conhecido como Curso de Salvamento em Altura (CSAlt), essa formação intensiva de 220 horas, que incluiu etapas à distância (EaD – 40 horas) e presenciais (180 horas), dota os bombeiros de uma vasta gama de técnicas, desde o crucial atendimento pré-hospitalar de vítimas até conhecimentos avançados de progressão em cordas e montagem de sistemas complexos. O curso tem como público-alvo bombeiros militares do CBMPR, com foco nos Comandantes de Incidentes.
A especialização é vital diante de ocorrências que demandam precisão e segurança. O coordenador do curso, Major QOBM Genuino Luiz Dalponte, exemplifica com um resgate desafiador: “Em 2024, uma profissional de limpeza ficou presa em seu equipamento de segurança a 25 metros de altura na fachada de um edifício da Justiça Federal, em Curitiba. Nossas equipes realizaram o resgate pelo topo do prédio, utilizando técnicas de descensão controlada (rapel) para abordar e içar a vítima com segurança.”.
Este tipo de resgate exige não apenas perícia individual, mas também a aplicação de Sistemas de Polias para o içamento eficaz, proporcionando uma vantagem mecânica para mover a carga.

A turma recém-formada é composta por 21 bombeiros militares do Paraná, além de um profissional do Rio Grande do Norte e outro de Pernambuco, demonstrando o alcance e a relevância nacional do Curso.

Do Básico ao Avançado, no vasto Currículo do CSAlt, os novos especialistas dominaram uma série de técnicas operacionais padronizadas (POPs) essenciais para o Salvamento em altura:

• Acesso e Descensão: Foram ensinadas técnicas de subida (ascensão) e descida (descensão) individuais e em equipe utilizando cordas
• Os alunos aprenderam a empregar dispositivos como o Freio Oito e o ID autoblocante, além da Auto Segurança de Resgate (ASR) para garantir a progressão segura.
• Estabilização e Transporte de Vítimas, uma parte fundamental do curso aborda a estabilização de vítimas em macas de resgate, que são projetadas para resgate em altura, espaço confinado, montanha, aéreo e transporte em posições horizontal ou vertical, a estabilização evita lesões secundárias e minimizar o agravamento das existentes
• Sistemas de Vantagem Mecânica: Para içar cargas pesadas ou vítimas, os bombeiros aprenderam a montar e operar sistemas de polias que proporcionam vantagem mecânica.
• Ancoragens Seguras: A base de qualquer operação em altura é um Sistema de Ancoragem Seguro (SAS). Os alunos aprenderam a identificar e confeccionar ancoragens robustas, incluindo pontos “à prova de bomba” – estruturas com resistência comprovadamente superior às cargas da operação – em elementos como colunas de edifícios, e a utilizar redundância para máxima segurança
• Tirolesas: Técnicas avançadas de tirolesa foram ensinadas para transpor grandes vãos e obstáculos com vítimas
• Nós e Amarrações: O domínio de nós essenciais, como o nó oito, pescador duplo, e prussik, é fundamental para a segurança e eficiência das operações
• O curso incluiu simulações de alta dificuldade, como um cenário de acidente em cânion em Ponta Grossa, e treinamento em rapel a partir de helicópteros

“Onde houver uma vítima em altura, seja para baixo ou para cima, aplicamos as técnicas que ensinamos no curso”, explica o Major Dalponte, ressaltando a versatilidade dos formandos. Casos como o resgate complexo de um homem em um silo em Vitorino, uma operação que durou mais de três horas, ilustram a aplicação real desses conhecimentos em ambientes desafiadores.

O Major QOBM Genuino Luiz dalponte, que também preside a Câmara Técnica de Salvamento em Altura do CBMPR, destaca a importância do trabalho do comitê na padronização das competências do resgatista vertical e na elaboração de Procedimentos Operacionais Padrão (POPs). Graças a este trabalho, o Paraná consolidou sua reputação com a criação de POPs para diversas operações e uma participação de destaque em eventos nacionais. “O Paraná foi o segundo colocado entre 19 equipes no campeonato brasileiro de salvamento em altura, o Rope Days, no ano passado”, orgulha-se o Major.
Essa conquista reforça a excelência e a liderança do estado na formação e na atuação em resgate vertical.